sexta-feira, 19 de abril de 2019

Encontrado agrotóxico na água

Agrotóxicos foram detectados na água que abastece mais de 2.300 cidades de 2014 a 2017. Clique no mapa ou digite sua cidade para descobrir quais produtos químicos saíram da sua torneira.

Metodologia

O mapa é fruto de uma investigação em conjunto realizada pela Repórter Brasil, Public Eye e Agência Pública. Os dados utilizados são do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde.
Além do número de agrotóxicos na água por cidade, os dados permitem também enxergar a concentração dessas substâncias, que é medida em microgramas por litro.
Assim, a reportagem elaborou os dois mapas acima:
O primeiro (“Número de Agrotóxicos”) mostra a quantidade de substâncias detectadas em cada cidade de 2014 a 2017.
O segundo (“Concentração na Água”) compara as concentrações detectadas no mesmo período com os parâmetros de segurança estabelecidos pela regulação do Brasil e da União Europeia.
O mapa e a reportagem analisam informações de 2014 a 2017. Os dados foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação em abril de 2018. O banco é atualizado de modo constante e novas informações acrescentadas depois de abril de 2018 não estão no mapa. Depois que os dados foram enviados à reportagem, o Sisagua passou a divulgar as informações no portal Dados Abertos do governo federal, onde elas podem ser acessadas na sua versão mais atualizada.
O Sisagua reúne os resultados de testes que medem a presença de 27 agrotóxicos na água que abastece as cidades. As informações são enviadas por autarquias estaduais, municipais e empresas de abastecimento. A lei brasileira determina que os fornecedores de água no Brasil são responsáveis por realizar os testes a cada seis meses e apresentar os resultados ao Governo Federal.


Apesar da imagem abaixo relatar que  dentro do limite brasileiro São Lourenço esta  abaixo dos padrões, o limite brasileiro é muitas vezes maior que o limite da união européia. 
e isso  apenas se falando da agua tratada que chega nas torneiras  das pessoas da cidade.
Como estará a água dos agricultores?

Agrotóxicos e impactos na saúde humana

Além dos impactos já demonstrados no meio ambiente, são diversos os casos de intoxicações e outros agravos à saúde humana demonstrados em estudos científicos. Um estudo realizado por Teixeira et al.6 constatou que, no período de 1999 a 2009, foram registrados quase 10 mil casos de intoxicação por agrotóxicos no Nordeste do Brasil, e que o estado de Pernambuco foi o mais acometido. Nesse estado, entre os anos de 2007 a 2010, foram identificados 549 casos de intoxicações68. São 2.052 óbitos por intoxicação por agrotóxicos no período de 2000 a 2009, e, somente no ano de 2005, foram mais de 1.200 casos de intoxicações no Nordeste brasileiro4,69.

Tofolo et al.70 e Detófano et al.71 também abordaram em seus estudos os riscos de intoxicação por agrotóxicos em trabalhadores rurais. Riscos de acidentes de trabalho relacionados ao uso de agrotóxicos também foram relatados em um estudo72. Cruz et al.73, ao estudarem o perfil dos indivíduos envolvidos em intoxicações, descobriram que a maior prevalência está no sexo masculino, em idade adulta, resultados também encontrados por Rebelo et al.74 no Distrito Federal, onde o raticida ilegal 'chumbinho' foi o mais utilizado.

Estudos com cultivadores de tabaco expostos aos agrotóxicos mostram que esses trabalhadores tiveram danos nos seus mecanismos de defesa celular e alterações nas atividades de telômeros75,76, transtornos mentais77, doença do tabaco78 e sibilância79

Além disso, os trabalhadores rurais expostos aos agrotóxicos têm maior chance de morrer por suicídio80. Alguns fumicultores relataram sintomas como dores de cabeça, náuseas e dor de estômago81, além de dor lombar82, disúria e diagnóstico médico de gastrite/epigastralgia, depressão, ansiedade, mialgia83, irritabilidade e cólicas abdominais84. Riquinho e Hennington85, ao entrevistarem agricultores do Rio Grande do Sul, também evidenciaram a doença da folha verde do tabaco, o uso de pesticidas e sua possível relação com doenças respiratórias, acidentes e intoxicações por agrotóxicos. Os mesmos autores, em 2012, também demonstraram uma relação entre a exposição aos agrotóxicos e os distúrbios respiratórios, as lesões musculares e doenças mentais86. Um estudo, porém, não encontrou associação positiva entre a exposição aos pesticidas e a doença do tabaco87.

Um estudo realizado com agentes comunitários de saúde, em Goiás, demonstrou, também, que o grupo exposto apresentou maiores danos ao DNA quando comparado ao grupo controle88

Um estudo realizado com agentes de controle da malária da região da Amazônia identificou que esses trabalhadores possuíam níveis sanguíneos de DDT bem superiores aos da população em geral89. Agentes de endemias, que estão diariamente expostos aos agrotóxicos, apresentaram maiores chances de tremores90.

Sabe-se, também, que a exposição aos agrotóxicos pode causar alterações celulares91,92 e, consequentemente, pode estar associada a alguns tipos de câncer, como neoplasia no cérebro93, linfoma não-Hodgkin94,95, melanoma cutâneo96-98, câncer no sistema digestivo, sistemas genitais masculino e feminino, sistema urinário, sistema respiratório, câncer de mama99 e câncer de esôfago100

Boccolini et al.101 estudaram a relação entre a exposição aos agrotóxicos e a mortalidade por Linfoma Não-Hodgkin (NHL) e encontraram relações positivas entre a mortalidade por NHL de agricultores quando comparados ao grupo não exposto.

Rigotto et al.102 também encontraram maior tendência anual para 
as internações e óbitos por neoplasia e óbitos fetais em populações agrícolas com uso intensivo de agrotóxicos quando comparadas à população da agricultura familiar tradicional.

Godoy et al.103 analisaram a relação de diferentes tipos de genótipos e sua relação com a maior probabilidade da ocorrência de intoxicações naquelas pessoas expostas aos agrotóxicos, mas não encontraram diferenças significativas entre os grupos.

Estudo também mostrou que os organoclorados podem exercer efeitos adversos no tecido hematopoiético e no fígado em populações cronicamente expostas a níveis elevados desses compostos104. Essas substâncias também foram relacionadas a alterações hormonais e nos níveis de hormônios tireoidianos105

Um estudo realizado com doadores de sangue, na cidade de São Paulo, detectou resíduos de organoclorados no sangue dos doadores106.

Pesquisas mostram, também, que a exposição a alguns agrotóxicos pode gerar alterações nos sistemas reprodutores masculinos e femininos, como a relação entre organoclorados e efeitos antiandrogênicos nos homens e efeito estrogênico nas mulheres107.

Além de todos esses efeitos já apresentados, os agrotóxicos podem, também, estar relacionados a alterações no binômio mãe-feto, como malformações congênitas108-111, nascimentos prematuros, índices de apgar insatisfatórios9,112 e micropênis em recém-nascidos113.

A perda auditiva também pode ser um efeito causado pela exposição aos agrotóxicos em trabalhadores rurais114,115. Esses resultados vão ao encontro dos achados da revisão sistemática realizada por Kós et al.116, segundo a qual todos os 16 estudos encontrados mostraram que a exposição aos agrotóxicos induz a danos nas vias auditivas.
Alguns estudos nos quais se entrevistaram populações residentes em áreas de uso intensivo de agrotóxicos também mostraram que os moradores referiram doenças e sintomas como diabetes, doença de Alzheimer, boca seca, visão alterada, dor nas pernas117, doenças neurológicas, síndromes dolorosas e doenças orais2.
Mesmo diante de tamanha exposição a doenças relacionadas aos agrotóxicos, estudos revelam que muitos agricultores não possuem a percepção desse risco118 e que ainda existe uma escassez de práticas chamadas de segurança e saúde no trabalho119. Muitas vezes, os trabalhadores armazenam tais venenos em casa, queimando ou enterrando embalagens vazias de agrotóxicos120. Nesse contexto, Siqueira et al.121 relatam a importância de elaboração de estudos que abordem a qualidade de vida de trabalhadores rurais.

o texto acima foi retirado do artigo

Agrotóxicos e seus impactos na saúde humana e ambiental: uma revisão sistemática. cujos autores são Carla Vanessa Alves Lopes Guilherme Souza Cavalcanti de Albuquerque disponivel em https://scielosp.org/article/sdeb/2018.v42n117/518-534/pt/

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